Realismo

 

 

Up

Realismo

No século XIX, o termo estava associado ao conceito de Naturalismo, corrente estética que reagiu contra o subjectivismo romântico e o idealismo classicista, sendo aplicado, por exemplo, para caracterizar a obra de alguns pintores e escultores naturalistas franceses ligados à Escola de Barbizon ou aos trabalhos, de carácter crítico e muitas vezes satírico (abordando a vida quotidiana de determinadas classes sociais) realizados por Gustave Courbet, Honoré Daumier (1808-1879) e Jean-François Millet (1814-1875).

No século XX, o Realismo foi um processo criativo ligado a técnicas e a temáticas muito diversas, integrando movimentos díspares como a Nova Objectividade (Neue Sachlichkeit) e o Realismo Socialista, assim como a arte ligada às ditaduras europeias.

Na Europa saída da Primeira Guerra Mundial alguns artistas encetaram uma reorientação das suas pesquisas estéticas, procurando representar a estabilidade e a recuperação da ordem e da natureza, segundo um processo que culminou no retorno à linguagem realista. Os pintores e escultores realistas deste período executaram trabalhos onde prevalece a influência de Paul Cézanne na simplificação e geometrização dos volumes e na liberdade e sensualidade da modelação e da textura.

A partir dos anos trinta, assistiu-se, nos Estados Unidos, a uma tentativa de rejeição de alguns estilos vanguardistas de origem europeia, acompanhando o crescente nacionalismo provocado pela aproximação da guerra e pela crise económica. De entre estes artistas destacam-se Edward Hopper, famoso pelas suas melancólicas representações de paisagens urbanas que acentuam o carácter solitário da vida humana, Grant Wood (1892-1942) e Thomas Hart Benton (18891975), que procuram inspiração da vida rural do interior do seu país e Bem Sehn, Reginald Marsh (1898-1959) e William Gropper, pintores que revelam preferência pelos temas urbanos e pela abordagem dos problemas sociais ligados à depressão económica.

Na mesma altura, a Europa assistia à célebre Querelle du réalisme, que, em 1936, em Paris, opôs os defensores da arte abstracta àqueles que pugnavam pelo retorno à tradição do desenho, a uma linguagem que cruzasse livremente o Naturalismo com as necessidades expressivas dos artistas. Pretendiam desta forma desenvolver uma arte mais acessível ao público e directamente comprometida com a vida e com a realidade social, razão pela qual o mural ou a pintura e a escultura de grande dimensão se tornam os meios expressivos preferenciais destes artistas. Associadas a este movimento surgiram, nestes anos, duas correntes artística resultantes da imposição de ideologias nacionalistas e autoritárias: o Realismo Socialista, (originário da URSS e posteriormente exportado para os países comunistas satélites) e o Realismo Fascista, fundado na Alemanha Nazi e na Itália. Alegando a degeneração moral da arte moderna que consideravam oposta à necessidade de representação das novas ordens sociais e à dignificação e glorificação dos respectivos povos, os regimes políticos destes países impuseram uma estética realista num registo imitativo e narrativo, dentro de um espírito propagandístico e pedagógico.

A partir de meados dos anos sessenta, verificou-se a recuperação de alguns ideiais estéticos do realismo, da manualidade e do virtuosismo artesanal, num processo que deu origem a dois movimentos paralelos, o Neo-Realismo e o Hiper-Realismo (também conhecido por foto-realismo e por super-realismo), este último ligado à representação fotográfica e à idealização da técnica.