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Paul Gauguin (1848 - 1906) O pintor
Eugène-Henri-Paul Gauguin (1848 - 1906) exerceu enorme influência sobre a arte
do século XX. Começou a pintar relativamente tarde, aos vinte e cinco anos de
idade, dedicando-se desde então com afinco à nova atividade. Tendo sido
colecionador de arte, estudou bastante por conta própria e aprendeu muito com
os principais nomes das pintura na época: Cézanne e Degas, entre eles (sua
turbulenta relação com Van Gogh é diferente, uma vez que tencionava guiá-lo
na pintura). Entretanto, suas obras, terminam por negar o impressionismo de seus
mestres que “se dirigia à periferia do olho e não ao misterioso centro do
pensamento“ e a transcender ao próprio simbolismo, escola com a qual mais se
identifica. Morou
durante alguns anos de sua infância no Peru, tudo indica que com muito conforto
e sem nenhuma espécie de dificuldades financeiras. Muitos críticos chegam a
cogitar que sua pintura foi bastante influenciada por esses primeiros anos de
vida, uma vez que o sentimento de recuperação de uma espécie de “paraíso
perdido“, em contraste com sua vida turbulenta, é algo visível em seus
quadros. De qualquer forma, acreditava ser descendente de incas e muitas de suas
obras, buscando o resgate do primitivo, referem-se ao “índio selvagem“ que
ele afirmava ser parte dele mesmo. Acreditava
que a pintura deveria ser feita de memória, que a arte era uma abstração e
que as figuras não deveriam ser representadas segundo a natureza. Entretanto não
deveriam deixar de expressar qualidades e o universo daquilo a que se referem,
“invocar belos pensamentos com a forma e a cor “. Compartilhava do
pessimismo do filósofo Schopenhauer, de sua crença no poder da vontade e da
sua admiração pelo budismo. A Bretanha
e o Taiti, alguns locais em que o pintor fixou residência após adulto (além
da tumultuada França da época, que passava por intensa turbulência social),
tiveram influências específicas em sua obra. “A visão depois do sermão“,
quer expressar a fé das aldeãs bretãs que lhes possibilita, após um sermão,
ter visões sobre o que lhes foi relatado. A idéia nasceu de um quadro do amigo
Bernard - “Mulheres bretãs na campanha“ (aldeões vestidos para o Perdão
do Pont-Aven, dividindo a cena com mulheres vestidas com roupas da cidade). Suas
alterações em relação ao quadro do amigo foram mudanças de cores (pinta de
vermelho o verde do quadro de Bernard), a mudança da igreja de Pont-Aven para
uma menos moderna da aldeia vizinha e a introdução de Jacó e o anjo de forma
conflitante. Pinta o círculo de mulheres melhor do que o amigo e tenta, antes
de mais nada, transcender o tema naturalista da obra que o inspira. Pode ser
considerado o melhor trabalho do início de sua carreira. Além
disso, ele próprio costuma aparecer em suas pinturas, seja em “Bom dia, Sr.
Gauguin“, seja retratado como um demônio no “Auto retratado
caricaturado“, seja como o Cristo em “A Agonia do Jardim“, “A Crucificação“
e a “Deposição“. Da fase em
que morou no Taiti, destaca-se “Manao Tupapau, o Espírito do Morto Vigia“,
sobre o medo do escuro e da própria morte por parte do homem. Uma menina
deitada é vigiada por um espírito “o espírito de uma alma viva unida a de
um morto“, nas próprias palavras de Gauguin. Foi inspirado em Teha’amana,
uma garota de 13 anos por quem se apaixonara no Taiti. “De onde
viemos? O que somos? Para onde vamos? “, são as palavras escritas em uma de
suas últimas pinturas, em que um homem colhe fruto em uma árvore. A cena é
repleta de animais, crianças e “Selvagens infantis“, num mundo cheio de
erotismo. Procura ser uma declaração filosófica sobre a vida. Morre em
1903, vítima da sífilis. Três anos mais tarde é feita uma grande exposição
sobre sua obra no Salão de Outono em Paris que exerce grande influência sobre
as futuras gerações. |