Graça Morais

 

 

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Morais Graça (1948, Vieiro)

Pintora portuguesa, natural de Trás-os-Montes. Efectua os seus estudos de pintura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, apresentando como trabalho final, em 1971, uma exposição-performance de pinturas em sedas sobrepostas, vestidos pintados e biombos. No ano lectivo de 1971/1972 começa a leccionar na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto. No ano seguinte muda-se para Guimarães, onde lecciona Educação Visual e se começa a interessar por desenho infantil. A sua primeira exposição individual, no Museu Alberto Sampaio (Guimarães, 1974), mostra uma série de trabalhos resultantes deste interesse. Em 1976 funda o Grupo Puzzle, juntamente com oito artistas e um crítico de arte. Durante dois anos apresenta inúmeras exposições e performances, nas quais se evidencia uma vertente neofigurativa com ligações às obras de Chagall (na fragmentação de planos e dissolução espacial, no lirismo e no colorido) e de Bacon (na mesma fragmentação e decomposição das figuras e objectos representados, acrescidos de uma violência brutalista). Ainda no mesmo ano vai para Paris, graças a uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, regressando a Lisboa em 1979 onde instala o "atelier da Bica". No entanto, só dois anos mais tarde, quando regressa ao Vieiro é que começa a desenvolver e aprofundar a temática que ainda hoje a acompanha: os mitos e rituais do mundo rural. Uma das séries, que desenvolve nesta altura, (Os Cães, 1981-1982) é galardoada com o 2ºprémio da Bienal de Lagos. A obra de Graça Morais desenrola-se entre Lisboa e o Vieiro, permeada pela pontual revisitação de obras de outros pintores e a constante ligação a recordações do seu passado real e a situações da sua vida presente. Executa telas de grandes dimensões estruturadas em séries temáticas (caça, frutos, mulheres, animais) e acompanhadas por mudanças técnicas ao nível dos materiais (muito diversos) e cromatismos. Durante a década de 80 trabalha a pastel, apresentando uma definição formal mais acentuada do que anteriormente, com tintas de água ou óleo diluídas, em transparências delimitadas por contornos grosseiros. Mais recentemente a actividade de Graça Morais tem-se estendido a outras áreas, como a cenografia ("Os Biombos" de Jean Genet, 1993) e a elaboração de figurinos ("Ricardo II" de Shakespeare, 1995), a co-autoria, com Lídia Jorge, Isabel Barreno e Maria Elisa do programa televisivo de apresentação semanal "Trio 4", e ainda a ilustração de inúmeros livros e álbuns. Expõe frequentemente tanto a nível internacional (França, Brasil, Estados Unidos, Alemanha, Luxemburgo, Espanha, Bielorússia) como a nível nacional, encontrando-se representada em algumas colecções públicas (Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu do Abade de Baçal, em Bragança; Fundação Casa de Serralves, no Porto, entre outros) e particulares (colecção de Manuel de Brito ou José Pedro Paço d'Arcos). Recebe vários prémios e condecorações, destacando-se o prémio da Galeria 111 (1987), o prémio SOCTIP - Artista do Ano (1991) e a condecoração, atribuída pelo Presidente da República, da Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.