Wassily Kandinsky (1887 - 1965)

Wassily Kandinsky (1887 - 1965) é considerado um dos principais artistas do século XX, principalmente pelo seu pioneirismo na valorização da arte abstrata. Tanto suas pinturas quanto seus escritos sobre arte exerceram profunda influência sobre os artistas do século. Ele, por sua vez, era bastante influenciado por doutrinas místicas e teosóficas. Nasceu na Rússia, tendo adquirido cidadania alemã em 1927, e posteriormente cidadania francesa, em 1933.

Sua origem russa, entretanto, exerceu forte influência sobre suas obras, em especial a arte folclórica do país e seu imaginário medieval, aspectos culturais da Rússia com que entrou em contato ainda moço, antes de decidir-se pela pintura.

Essa escolha esteve intimamente ligada a uma exposição dos Impressionistas franceses (principalmente o trabalho de Monet) que assistira em Moscou em 1895 (tinha então vinte e nove anos), que lhe encorajou a largar a carreira jurídica - havia se formado em direito dois anos antes - para estudar pintura em Munique.

Após se formar pela Academia Real de Munique e ter sido um dos fundadores de um grupo vanguardista chamado Phalanx, origem da Arte Nouveau, passou doze anos viajando pela Europa e amadurecendo seu estilo. Durante esse período esteve ligado ao Cubismo, aos Fauves e entrou em contato profundo com o trabalho de Cézanne.

De volta a Munique em 1908, sua pintura vai cada vez mais aproximando-se do abstracionismo e abandonando os elementos figurativos, através principalmente de linhas entre cruzadas, com efeitos enérgicos e cinéticos.

A partir de 1911, torna-se um dos principais líderes do grupo expressionista Blaue Riter. Em 1914 retorna à Rússia, concentrando seus esforços na reorganização de Museus e academias de Arte de seu país. Em 1921 vai para Berlim e ajuda na formação da Bauhaus de Gropius.

A partir daí, pode-se notar em seu trabalho uma maior objetividade nos símbolos que utiliza, tornando-os mais impessoais e universais. “Contraste Acompanhado“ pode exemplificar essa fase de sua pintura.

Como teórico acreditava, de uma maneira geral, na arte como um veículo de comunicação de uma realidade psíquica ou espiritual. Somente os sentimentos mais profundos e essenciais deveriam ser expressos por ela. Os símbolos abstratos deveriam ser seus principais elementos. Em seu tratado “Do Espiritual em Arte“, já formula as bases de uma arte não preocupado com a objetividade, com ênfase na forma e na cor e numa emoção que deve originar o trabalho e posteriormente atingir o observador. Acredita em três fontes de inspiração: A Impressão, derivada do exterior; A Improvisação, expressão com forte caráter inconsciente e espontâneo de natureza espiritual e a Composição, em que o sentimento interior ganha propósito, consciência e elaboração.

As três fases mais claras em que se dividem seu trabalho - até 1910, de 1910 a 1921 e de 1921 em diante - podem estar respectivamente relacionadas a essas três diferentes fontes de inspiração.

“Do ponto e da Linha para o Plano“ é outro importante tratado em arte de Kandinsky, inspirado em suas aulas na Bauhaus, em que valoriza uma unidade mística e não racional na arte, que deve converter em símbolos seus elementos.