Paula Rego

 

 

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Rego Paula (1935, Lisboa)

Pintora portuguesa. Instala-se no fim dos anos cinquenta em Londres, onde vive com o pintor Victor Willing. A partir dos anos sessenta, o seu trabalho impõe-se pela sua virulência: a superfície obedece a um duplo movimento de construção e de destruição, que mistura colagem e desenho numa espécie de "dripping construído" ou controlado. A pintura de Rego está, desta forma, próxima de algumas proposições da Arte Bruta, assim como do cut-up de B. Gysin e de W. Burroughs. Progressivamente, a sua figuração torna-se cada vez mais delirante, reunindo uma fonte surrealista e um desejo narrativo (sem dúvida influenciado por uma certa tradição britânica - de Hogarth a Tenniel), que atinge o seu auge no início dos anos setenta. A vaga neofigurativa que invade o mercado da arte no início dos anos oitenta não faz mais do que recuperar o trabalho precursor de Rego, que pode, então, representar a Inglaterra nas manifestações internacionais (Bienal de Paris, 1986). É precisamente depois de ter recorrido, em 1983-1985, a um estilo "neo-expressionista" que ela modifica radicalmente a orientação do seu trabalho: a partir de 1986, as figuras recortam-se claramente num espaço classicamente ilusionista, simbolizando uma "metafísica doméstica", atravessada de insolência e crueldade, onde ressoam recordações de Velasquez e de De Chirico.